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CIDADES
Um novo modelo de cidade é possível
É agora ou nunca: cidades e crise climática
Dados da Agência Internacional da Energia (AIE), apontam que as cidades são responsáveis por 70% das emissões globais de CO₂ e 75% do consumo de recursos naturais, trazendo a tona a urgência de um novo modelo de desenvolvimento urbano. Em São Paulo, iniciativas como as hortas comunitárias surgem não apenas como respostas à insegurança alimentar, mas também como alternativas sustentáveis e locais na luta contra os efeitos das mudanças climáticas, segundo pesquisa Sampa em Foco, realizada pelo Instituto Pólis.
Ainda de acordo com o levantamento, em regiões periféricas de São Paulo, como Paraisópolis e Brasilândia, a criação de hortas comunitárias atende diretamente à população local, reduzindo a dependência de alimentos transportados de longas distâncias e cortando a emissão de CO₂ do setor de transporte, que responde por cerca de 30% das emissões no Brasil. No caso da horta de Paraisópolis, por exemplo, mais de 50 famílias são beneficiadas com alimentos frescos e produzidos localmente, o que reduz em até 20% a necessidade de produtos industrializados e ultraprocessados, geralmente caros e escassos nessas áreas.

Comparação da distribuição de estabelecimentos comerciais e hortas urbanas em São Paulo. Instituto Polis, 2024
Além disso, o Instituto Pólis indica que áreas com cobertura verde, incluindo hortas comunitárias, apresentam temperaturas até 2°C mais amenas em comparação com regiões urbanizadas sem vegetação. Esse efeito ajuda a mitigar as ilhas de calor, fenômeno urbano agravado pela falta de áreas verdes e pelo excesso de concreto e asfalto. Em regiões periféricas, onde a arborização é mais escassa, as hortas desempenham um papel essencial no equilíbrio do microclima local, contribuindo para a criação de ambientes mais confortáveis e saudáveis para os moradores.

Comparação entre temperatura máxima e arborização nos bairros de São Paulo. Instituto Polis, 2024
As hortas comunitárias também trazem uma solução prática para a gestão de resíduos. Em São Paulo, onde mais de 50% do lixo domiciliar é composto por resíduos orgânicos, a compostagem nas hortas evita que toneladas de resíduos sejam descartadas em aterros, onde gerariam metano, um gás 28 vezes mais potente que o CO₂. Segundo a Rede Brasileira de Agricultura Urbana e Periurbana, iniciativas de compostagem reduzem em até 30% a quantidade de lixo orgânico enviado aos aterros e transformam esses resíduos em adubo, utilizado nas próprias plantações, criando um ciclo de produção sustentável e reduzindo a pegada ecológica da cidade.
No aspecto social, essas hortas são um importante espaço de convivência e bem-estar. Um levantamento da Fiocruz mostrou que 75% dos participantes de projetos de hortas comunitárias relataram melhora no bem-estar emocional, com redução nos níveis de ansiedade e estresse, além de maior integração com a comunidade. Em áreas onde parques e espaços de lazer são escassos, as hortas tornam-se locais de encontro, recreação e aprendizado, incentivando a cooperação e promovendo a educação ambiental para todas as faixas etárias.
Cidade sustentável é cidade do bem estar

André Biazzoti, bacharel em Gestão Ambiental pela ESALQ/USP e mestre em Agricultura Urbana pelo Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ecologia Aplicada (PPGI-EA/USP), reforça o papel das hortas urbanas no enfrentamento da emergência climática, destacando os benefícios físicos das áreas verdes: “As hortas urbanas são espaços verdes na cidade, então ajudam a manter a umidade em determinado território, ajudam a manter a temperatura um pouco mais amena nesses espaços. Tem uma questão também de permeabilidade do solo, por serem áreas verdes, possibilitam a infiltração da água da chuva e a diminuição dessa água nas canaletas fluviais da cidade”. Segundo ele, esses elementos naturais tornam as hortas importantes para combater os eventos extremos de clima urbano, como enchentes e altas temperaturas.
Biazzoti destaca que, além dos benefícios físicos, as hortas urbanas fortalecem o tecido social, essencial em tempos de crise climática: “As hortas urbanas estão diretamente vinculadas à construção de comunidades no âmbito do bairro, no âmbito do território. Isso possibilita aí um tecido social que, em momentos de emergência climática, acaba sendo fundamental: você conhecer seus vizinhos, buscar apoio nas pessoas que estão mais próximas de você”. Em situações extremas, como enchentes, ele argumenta que uma horta no bairro pode ajudar a reduzir a dependência de circuitos alimentares distantes, funcionando como uma fonte próxima de alimentos frescos caso o transporte seja interrompido por conta de vias obstruídas.
Essas hortas, nascidas da mobilização comunitária, vão além de fornecer alimentos frescos e acessíveis. Elas incentivam a biodiversidade urbana ao atrair insetos e pássaros, contribuindo para um ecossistema urbano mais equilibrado e resiliente. Em bairros como Grajaú, Brasilândia e Tremembé, onde a falta de infraestrutura verde impacta diretamente a saúde e o bem-estar, essas hortas representam não apenas um espaço de produção alimentar, mas um modelo de resistência e recuperação ambiental. Além disso, a produção local fortalece o senso de pertencimento e colabora com o desenvolvimento de redes de solidariedade, importantes para comunidades em áreas marginalizadas(sampa-em-foco).
André Biazzoti destaca que as hortas urbanas “funcionam como refúgio para animais, para micro-organismos e espécies vegetais que encontram na cidade um ambiente árido para viver”. Ele ressalta ainda a importância de políticas públicas que consolidem as áreas verdes e promovam a expansão das hortas, apontando o programa Sampa Mais Rural como exemplo. “São Paulo tem avançado muito na área de agricultura urbana e hoje tem sido uma das grandes referências no Brasil de políticas públicas que estão se consolidando”, esclarece. Iniciativas como essas são essenciais, segundo Biazzoti, para garantir uma estrutura de apoio à agricultura urbana, como assistência técnica e doação de insumos, e possibilitar a criação de corredores ecológicos que conectem áreas fragmentadas da Mata Atlântica na cidade.
Portanto, as hortas comunitárias, além de enfrentarem a crise alimentar, combatem diretamente os efeitos das mudanças climáticas, oferecendo à cidade um modelo sustentável e de baixo custo que conecta o direito à cidade, a justiça ambiental e o fortalecimento comunitário. Em São Paulo, essas iniciativas estão redesenhando o uso do espaço urbano e demonstrando que uma cidade mais verde e inclusiva é possível.
Ouça a entrevista na integra:
André Biazzoti, Bacharel em Gestão Ambiental pela ESALQ/USP e mestre em Agricultura Urbana pelo Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ecologia Aplicada (PPGI-EA/USP)
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Oásis verdes e o clima nas cidades
Há quatro anos um dossiê produzido pelo vereador Gilberto Natalini, mostrava que em um ano o desmatamento criminoso da Mata Atlântica cresceu de 90 áreas desmatadas para 160. Afetando principalmente, a periferia da zona leste da capital deixando aquela região cada vez mais quente.
Ainda de acordo com o documento, isso acontece porque essas regiões prejudicadas não conseguem conter as ilhas de calor, que é quando o asfalto e as estruturas de concreto absorvem a energia do sol e elevam a temperatura geral do ar, mantendo-a alta até à noite.
Existem alternativas que contribuem para a melhoria dessas ilhas. Atualmente, na capital, existem cerca de 347 hortas urbanas espalhadas entre os arranhas céus. Esses espaços são responsáveis por mudanças positivas em seus arredores, seja em relação à alimentação saudável e acessível, da integração da comunidade, redução de desperdício, mas, principalmente, no clima.
Um estudo de 2022 feito pela arquiteta Erika Laursen, mestra em arquitetura e urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), mostrou os benefícios das hortas urbanas, uma vez que elas desempenham um papel crucial na diminuição das ilhas de calor, porque conseguem absorver a energia do sol e proporcionar sombra. Além disso, as plantas ajudam a absorver poluentes e a produzir oxigênio, melhorando a qualidade do ar.
Em metrópoles em constante desenvolvimento como São Paulo, regiões consideradas oásis que conseguem escapar de um clima hostil e um ar não saudável.
Resgate das raízes ancestrais
Dona Nilda, a Guardiã de Sementes Raras

Nilda Pereira da Silva Saragó, responsavel pela horta "Guardia de Sementes Rarras", localizada no extremo leste de Sao Paulo
Na pequena horta chamada "Guardiã de Sementes Raras", situada no extremo leste de São Paulo, a cuidadora do espaço, Nilda Pereira da Silva Saragó, conhecida como Dona Nilda, se tornou uma ponte entre o passado ancestral e o presente. O título que a define foi dado por um indígena, que lhe vendeu a primeira semente que, em um momento de necessidade, ajudou a salvar sua vida. “Essa semente salvou meu rim”, revela, enquanto caminha pela horta, que ela nomeou como uma promessa de gratidão pela cura recebida.
O termo "Tchitairi", que significa "aquela que tem permissão para manipular ervas", ecoa em sua história. Para Dona Nilda, ser uma mãe que conversa com as plantas é mais do que um ofício; é um legado herdado de sua família. Ela cresceu em um lar onde o conhecimento ancestral do manuseio das plantas era muito presente, e foi transmitido de geração em geração, pelo pai, que também era xamã. “Meus pais esconderam que eram indígenas por muito tempo”, pois a origem representava uma ameaça a segurança de sua família, revelou em entrevista.
Seu pai e avô foram assassinados em conflitos por terra, e a jovem aprendeu cedo que a identidade indígena podia ser tanto uma bênção quanto uma maldição. “Quando começamos a ir para a escola, meu pai sempre dizia: ‘Não pode fazer isso, não pode fazer aquilo’”, recorda.
A infância de Dona Nilda foi marcada pela agricultura; seu pai plantava café e a mãe era de uma tribo diferente, unindo as culturas Tupinambá e Tupi-Guarani em sua herança. “A Tupi é a linguagem mãe”, explica, revelando uma conexão profunda com suas raízes. Hoje, como a guardiã de sua horta, Dona Nilda não apenas cultiva plantas. Ela cultiva esperança. Seu trabalho é uma forma de resistência e resgate cultural, promovendo a valorização das plantas medicinais e do saber ancestral.
A horta faz parte do projeto “Cidades Comestíveis – hortas urbanas para combate à fome e soberania alimentar” desenvolvido pelo Instituto Pólis com apoio da Coordenadoria de Agricultura (CA/SMDET) vinculada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (SMDET) da Prefeitura Municipal de São Paulo.
As hortas e a economia circular
A economia circular é um modelo de desenvolvimento sustentável que busca minimizar o desperdício e maximizar o uso eficiente dos recursos, promovendo a reutilização, reciclagem e reintegração de materiais no ciclo produtivo. Esse conceito se opõe ao modelo de economia linear tradicional, que se baseia em extrair, produzir, consumir e descartar. Na economia circular, o objetivo é criar sistemas em que os resíduos se tornam insumos para novos processos, seja na cadeia econômica ou no meio ambiente.
Segundo o governo federal, as hortas urbanas comunitárias estão diretamente alinhadas com os princípios da economia circular, pois promovem o reaproveitamento de resíduos orgânicos, que podem ser transformados em adubo por meio da compostagem, reduzindo significativamente o volume de resíduos enviados aos aterros sanitários. Quando os resíduos orgânicos são transformados em composto, eles retornam ao ciclo produtivo como nutrientes para o solo, criando um ciclo fechado de produção e consumo. Essa abordagem reduz o impacto ambiental e promove a sustentabilidade nas cidades. Além disso, essas iniciativas reforçam a produção local, e diminuem a necessidade de transporte de alimentos, o que contribui para a redução da emissão de gases de efeito estufa.

Ciclo da economia circular. Direito Ambiental, 2024
Apesar de as hortas urbanas representarem um avanço no caminho da economia circular, um estudo realizado por Manuela Cunha e Ryzia Cardoso, pesquisadoras da Universidade Federal da Bahia, mostra desafios, como a falta de infraestrutura e apoio governamental. Políticas que incentivem a compostagem, o uso de resíduos orgânicos e a criação de espaços para cultivo são essenciais para ampliar o impacto positivo dessas iniciativas. Embora existam iniciativas legislativas, como o Projeto de Lei 3141/2021, que busca instituir um Plano Nacional de Incentivo a Hortas Comunitárias prevendo distribuição de insumos e orientação técnica, essas propostas ainda estão em tramitação e carecem de implementação prática efetiva.
Além disso, obstáculos como a falta de reconhecimento legal para atividades agrícolas em áreas urbanas, conflitos pelo uso da terra, e limitações financeiras e institucionais frequentemente dificultam a viabilidade de hortas comunitárias. Exemplos incluem disputas de terra que levaram à destruição de hortas e a falta de apoio político local para sua manutenção e expansão.
Agroecologia vs Agricultura
A agroecologia surge como uma alternativa à agricultura tradicional, buscando promover práticas agrícolas que respeitam o meio ambiente e as comunidades locais. Enquanto a agricultura tradicional foca na produção em larga escala com o uso intensivo de insumos químicos, como fertilizantes e pesticidas, a agroecologia prioriza a utilização de técnicas sustentáveis, respeitando os ciclos naturais e a biodiversidade. A agroecologia envolve não apenas a produção de alimentos, mas também a transformação social e econômica das regiões rurais, propondo uma agricultura mais justa e ambientalmente responsável.
A adoção dessa metodologia tem mostrado resultados promissores no Brasil e em várias partes do mundo.Um estudo realizado pela Revista Brasileira de Agroecologia, publicado em 2023, revelou que, nas áreas onde a agroecologia foi implantada, houve um aumento significativo na produtividade das pequenas propriedades, com benefícios para a saúde das comunidades locais, como a redução do uso de produtos químicos nocivos e o fortalecimento da economia local. Além disso, a implementação desse tipo de agricultura, promete diversos benefícios a essas comunidades, visto que pode ser compreendida como à intersecção de vários conceitos, como: povos e saberes tradicionais, agricultura familiar, políticas públicas para desenvolvimento sustentável e saúde.

Mapa mental sobre agroecologia. Revista Brasileira de Agroecologia, 2023.
Além disso, o modelo agroecológico contribui para a mitigação das mudanças climáticas, pois, ao contrário da agricultura convencional, que gera grandes emissões de gases de efeito estufa, a agroecologia usa o solo de maneira mais eficiente, contribuindo para a captura de carbono e preservação dos ecossistemas naturais.
Em contraponto, a agricultura tradicional tem causado sérios impactos ambientais, como o desmatamento na Amazônia e em outros biomas brasileiros. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o desmatamento na Amazônia aumentou 15% entre 2020 e 2021, sendo impulsionado, em grande parte, pela expansão da fronteira agrícola tradicional, que utiliza práticas predatórias, como queimadas para o cultivo de monoculturas de soja e criação de gado.
Apesar dos benefícios comprovados, a agroecologia enfrenta uma série de desafios para se expandir no Brasil. A principal dificuldade é a falta de políticas públicas eficazes que incentivem a transição da agricultura convencional para a agroecologia. Além disso, as barreiras legislativas também dificultam o avanço dessa prática, como a dificuldade de regulamentação de produtos orgânicos e a falta de crédito agrícola voltado para a agroecologia.
Nos últimos anos, discussões sobre políticas agrícolas sustentáveis ganharam visibilidade no Congresso Nacional. Em 2023, um projeto de lei (PL 3904/23), que visa instituir a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, esteve em discussão, mas não avançou significativamente, enfrentando resistência de lobbys relacionados aos setores ligados à agricultura convencional e agroindústrias.
Diante de todos os dados apresentados, fica claro que a agroecologia oferece uma alternativa saudável e sustentável frente aos modelos de produção agrícola tradicionais, com potenciais impactos positivos para o meio ambiente e as comunidades locais. Para entender mais sobre as diferenças entre agroecologia e agricultura tradicional, além de se aprofundar nesse importante tema, convidamos você a participar do nosso quiz sobre agroecologia.
Para acessar o quiz e testar seus conhecimentos sobre o tema, leia o QR CODE abaixo:

Políticas públicas para a agricultura urbana
A agricultura urbana tem se consolidado como uma alternativa estratégica para promover a segurança alimentar, a sustentabilidade e a inclusão social nas grandes cidades brasileiras. Com o crescimento das áreas urbanas e a crescente preocupação com o meio ambiente, iniciativas públicas têm sido criadas para integrar práticas agrícolas no cotidiano das cidades, como é o caso de São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.
São Paulo é um dos principais exemplos no país quando se trata de políticas públicas voltadas para a agricultura urbana, contando com programas como o Programa de Agricultura Urbana e Periurbana (PROAURP), instituído pela Lei 13.727/04 e regulamentado pelo Decreto 51.801/10, que tem como objetivo fomentar a produção agroecológica e a comercialização de alimentos dentro do município. A iniciativa é a de maior destaque e funciona como um modelo para outras cidades brasileiras. Outro exemplo é o programa Sampa Mais Rural, iniciativa vinculada ao PROAURP e desenvolvida pelo Projeto Ligue os Pontos, onde a cidade apoia pequenos produtores urbanos e periurbanos, oferecendo oficinas e capacitações sobre técnicas agrícolas e práticas sustentáveis, além de orientações sobre a formalização do trabalho, como a emissão de notas fiscais para agricultores.
Belo Horizonte também se destaca nesse cenário, com investimentos da Prefeitura na implementação de Unidades Produtivas coletivas que atuam em diferentes regiões da cidade. Essas unidades são identificadas por meio de consultas públicas e se tornam hortas comunitárias que combinam práticas de cultivo sustentável com o fortalecimento das redes de apoio social. Esses espaços podem ser constituídos por diversos tipos de cultivos, chamados de Sistemas Agroecológicos, tais como: hortaliças, frutíferas, sistemas agroflorestais, plantas medicinais, aromáticas, condimentares, PANCs, flores, compostagem, criação de animais, entre outros. Atualmente, há cerca de 186 iniciativas cadastradas no município, envolvendo centenas de famílias em atividades voltadas para o cultivo de alimentos saudáveis, geração de renda e integração comunitária.
Dados divulgados pelo Conexão Safra apontam que cerca de 39 mil produtores rurais se enquadram como agricultores familiares no estado do Rio de Janeiro. Diante disso, com o objetivo de formalizar esses trabalhadores como agricultores familiares, o Sebrae Rio, o Conselho Regional de Contabilidade (CRCRJ) e o Governo do Estado do Rio, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento, Emater-Rio e Fiperj, lançaram o Programa de Desenvolvimento da Agricultura Familiar Fluminense (PDAFF).
Essa formalização permite que esses trabalhadores acessem políticas públicas específicas para o segmento. O reconhecimento como agricultores familiares é essencial para que tenham acesso a benefícios como créditos subsidiados, apoio técnico e programas de capacitação. Essas iniciativas têm possibilitado que os agricultores fluminenses se integrem ao mercado local, fortaleçam a produção de alimentos em meio ao ambiente urbano e promovam maior sustentabilidade e conexão com as comunidades que atendem.
A Fundação Getúlio Vargas também tem contribuído para o avanço da agricultura urbana no Brasil, por meio do desenvolvimento de um estudo focado em formas como os municípios podem desenvolver suas próprias agendas de agricultura urbana e periurbana, criando políticas públicas que integrem a agricultura aos planos de desenvolvimento urbano. O Guia para o Estabelecimento de Agendas Municipais de Agricultura Urbana e Periurbana oferece diretrizes e orientações para a implementação dessas políticas, reforçando a importância de envolver a população local no processo e destacando o impacto positivo dessa prática na melhoria da qualidade de vida nas cidades.
Essas políticas públicas vão além da produção de alimentos frescos e acessíveis. Elas buscam promover a inclusão social, a educação ambiental e a recuperação de espaços urbanos degradados, tornando as cidades mais resilientes e sustentáveis. Para o especialista André Biazzoti, essas políticas públicas de agricultura urbana no Brasil são essenciais para enfrentar desafios urbanos, como a insegurança alimentar e a degradação ambiental, ao mesmo tempo em que promovem a inclusão social e a sustentabilidade.
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